sábado, 13 de dezembro de 2008

ARTIGOS PUBLICADOS

GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL: UMA ANÁLISE DA INSERÇÃO DA VARIÁVEL AMBIENTAL NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

Cristina Maria Dacach Fernandez Marchi[1]
Osmar da Silva dos Santos[2]
Abel de Jesus Santana[3]
Diogo Pinho Miguez[4]



RESUMO

Este artigo tem por propósito fornecer subsídios para o debate entre mercado e a necessidade de formação do gestor ambiental nas Escolas de Administração. Coloca em evidência conceitos relativos ao Sistema de Gestão Ambiental e à Série ISO, e discorre sobre uma pesquisa realizada junto aos alunos do curso noturno de Administração da Universidade Católica do Salvador, aplicada no mês de maio de 2007, que visou levantar o conhecimento e o interesse deste público pela Gestão Ambiental. Superar a distância que separa o perfil do administrador clássico ao do gestor que saiba lidar com novos aspectos das atividades, produtos e serviços desenvolvidos pelas empresas, e ansiados pelo mercado, começa pelo entendimento e difusão de conceitos administrativos ligados à sociedade e ao meio ambiente. O presente trabalho pretende também despertar a comunidade científica para a importância desta área junto à carreira dos profissionais ligados à Administração.

Palavras-Chave: Sistema de Gestão Ambiental, Administração de Empresas, Série ISO


INTRODUÇÃO

O Dow Jones Sustainability World Index (DJSI World) tornou-se uma referência importante para instituições administradoras de capital estrangeiro no momento de investir os recursos do mercado internacional nas empresas. Tais instituições baseiam-se na performance de sustentabilidade para tomar decisões de investimentos, estimados somente nos Estados Unidos em mais de um trilhão de dólares (CAMARGOS, 2006), e oferecem aos seus clientes as ações das empresas componentes do DJSI, comprometidas com o desenvolvimento social, ambiental e cultural.
O DJSI é um agregado de índices de sustentabilidade coorporativa, criado em 1999 pelo Dow Jones Indexes e o Sustainable Asset Management Group (SAM Group), baseado em Zurique. São eleitas as melhores organizações para investimento, auferindo um selo de qualidade. Atualmente, abrange 318 das 2.500 maiores companhias componentes do Dow Jones Index, o que equivale a um valor de mercado conjunto de mais de US$ 6,5 trilhões. As empresas eleitas pelo DJSI são avaliadas anualmente, e critérios menos clássicos, como: Padrões para Fornecedores, Códigos de Ética / Conduta, Política de Gestão Ambiental, Performance Ambiental, Desenvolvimento de Capital Social, e Balanço Social são também contemplados.
A visibilidade adquirida pelo DJSI deu origem a outros índices de sustentabilidade. “Em 2001 foi criado o FTSE4good Global, da Bolsa de Valores de Londres, e em 2003 o Socially Responsible Index, da Bolsa de Johanesburgo, na África do Sul” (CAMARGOS, 2006:21).
No Brasil, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), criado sob a coordenação do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV/SP, foi inspirado nessa iniciativa e, atualmente, reúne em torno de 40 empresas levando em conta parâmetros sócio-ambientais. Em artigo recente, na Revista Guia Exame - Boa Cidadania Corporativa, intitulado “Quanto vale a gestão responsável”, são dadas algumas explicações a respeito da busca pelas empresas brasileiras de participar dos índices de sustentabilidade das Bolsas de Valores,

Empresas que fizeram parte do ISE em 2006 afirmam que o ingresso no índice foi bom para os negócios... A resposta ao questionário dos índices de sustentabilidade pode ser uma oportunidade de identificar riscos e aprimorar o modelo de gestão da empresa. (CAMARGOS, 2006:22).

O levantamento das bandeiras de defesa sócio-ambientais, historicamente suspensas por Organizações Não Governamentais e segmentos da Sociedade Civil Organizada, como sindicatos, associações ou cooperativas, migrou para o mercado, passando a ser estudada, analisada e assimilada pelos executivos de grandes, médias e pequenas organizações.
A proposta pedagógica dos cursos ligados à Administração de Empresas nas Universidades não deve ignorar a atual importância que se atribui ao meio ambiente, tanto no mercado mundial, quanto no brasileiro. Os egressos destes cursos devem estar aptos à discussão de propostas que levem em conta conceitos contemporâneos, como a Série ISO, Estudos de Impactos Ambientais – EIA e seus respectivos relatórios – RIMA, Mercado de Crédito de Carbono, Tecnologias Mais Limpas, dentre outros.
Desta forma, os objetivos deste artigo são difundir alguns conceitos e práticas administrativas ligados ao meio ambiente, e contribuir para a discussão da inserção destes conceitos na formação do Administrador, por meio da análise dos resultados de uma pesquisa aplicada junto a graduandos deste curso.


A INTERAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E GESTÃO AMBIENTAL

Modelos de gestão que ofereçam os conceitos e as ferramentas voltadas às questões sócio-ambientais são utilizados de forma acentuada nas empresas modernas. O objetivo do desenvolvimento sustentável está relacionado ao desenvolvimento com preservação do meio ambiente e sua relação com as comunidades.
Para Chanlat (1995) modelo de gestão pode ser definido por um conjunto de práticas administrativas empregadas em uma dada instituição com vistas a se alcançar os objetivos que lhe foram fixados, estabelecendo as condições de trabalho, a organização e a natureza das relações hierárquicas, o tipo de estruturas organizacionais, os sistemas de avaliação e controle dos resultados, as políticas em matéria de gestão de pessoal e os objetivos, os valores e a filosofia de gestão que o inspiram.
A gestão ambiental é uma prática que faz parte da gestão geral de uma instituição. Ela pode ser utilizada para designar ações relativas à forma como está se dando o gerenciamento das políticas e programas, e atividades administrativas e operacionais relativas aos impactos ambientais de uma determinada organização[5], como: o monitoramento e o controle da salubridade humana dos grupos sociais que dela dependem, as condições de atendimento aos requerimentos ambientais ou limitações da sua exploração, ou ainda encontrar novas estratégias para minimizar estes impactos ambientais, como por exemplo as Tecnologias Mais Limpas (P+L) (MARCHI, 2005).
Portanto, a Gestão Ambiental pode ser definida como um conjunto de medidas e procedimentos bem definidos, que permitem reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente. Uma ferramenta adequada para padronização das ações ligadas ao meio ambiente nas empresas é o Sistema de Gestão Ambiental[6], construído como conseqüência de um mercado cada vez mais exigente por posturas ambientalmente e socialmente sustentadas.
Fazem parte do Sistema de Gestão Ambiental elementos coordenados entre si, capazes de gerir o desempenho ambiental de uma organização em todas as suas etapas, planejamento, execução e avaliação, e a busca da melhoria constante deste processo (V. Figura 1.0).















Fonte: Elaboração dos autores.

Figura 1.0 – Etapas do Sistema de Gestão Ambiental - SGA

Ambiente institucional fortalecido e legislação eficaz são essenciais para criar um cenário propício para a consecução da gestão do meio ambiente. A Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e o Licenciamento Ambiental são marcos regulatórios que fundamentam o Sistema de Gestão Ambiental. Um importante instrumento para a consecução dos objetivos propostos no SGA é a Norma International Organization for Standardization (ISO) 14.001, modelo gerencial que busca a melhoria contínua na organização. Dentre outras vantagens oferece ajuda prática para a implementação ou aprimoramento da gestão ambiental, e fornece auxílio no processo de iniciar, aprimorar ou sustentar o Sistema de Gestão Ambiental. Esta Norma também assegura a conformidade dos procedimentos ambientais das organizações com as exigências nacionais e internacionais.
Cajazeira e Barbieri (2005) explicam que a normalização internacional é um componente importante dos processos de liberação comercial, pois traz regras únicas de comércio, o que faz com que se tornem necessárias regras ambientais padronizadas. Um comitê especifico junto a ISO foi criado para estudar as questões decorrentes da diversidade crescente de normas ambientais, e seus impactos sobre o comercio ambiental, o TC 207.
Uma Norma ISO passa por avaliação a cada três anos, e esta avaliação não necessariamente implica em revisão, mas também em outras duas possibilidades: no seu abandono ou na sua manutenção.
Contudo, além das vantagens decorrentes de regras de jogo bem definidas e padronização de procedimentos, algumas críticas são feitas à ISO 14.001, que podem ser agrupadas em quatro grandes núcleos: 1) as normas não levam à melhoria do desempenho ambiental; 2) as normas são elitistas e os custos de certificação abusivos; 3) as normas ISO interessam apenas a países ricos; e, 4) as normas constituem barreiras não-tarifárias (CAJAZEIRA e BARBIERI, 2005).
A legislação ambiental está sendo implementada de forma crescente no mercado global. Ostentar um SGA com base nos requisitos da ISO 14.001, certificado ou não, é um diferencial competitivo para as empresas e o Administrador tem que está atento a isso.


A CONSCILIAÇÂO DE NEGÓCIOS COM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O mercado espera que além de serem socialmente responsáveis, as empresas preservem o meio ambiente. Uma gestão eficaz eleva a marca da empresa perante a sociedade.
Com o objetivo de produzir mais, reduzindo o consumo de recursos naturais e a geração de resíduos, a AMBEV adota a ecoeficiência em suas fábricas, e gera resultado econômico com isso. De todos os indicadores ambientais da AMBEV, “o reaproveitamento dos resíduos foi o que apresentou o resultado mais expressivo no ultimo ano, gerando receita de 51 milhões de reais“ (DIAS, 2006:76). Corrêa (2006) destaca que a atenção com o meio ambiente também leva as empresas a se preocuparem com a destinação de seus produtos, depois de consumidos. O descarte inadequado de alguns produtos podem trazer sérios riscos ao ambiente, alguns componentes podem ser potenciais poluidores do solo, da água e do ar.
Iervese (2007) ressalta o estudo elaborado pelos Institutos Ethos e Acatu, que revela que 76% dos consumidores brasileiros tem consciência de que pode interferir na gestão das empresas, através do consumo responsável, 72% tem interesse em saber mais sobre as ações e iniciativas ligadas à responsabilidade sócio-ambiental das organizações, e 15% deixou de comprar ou falou mal de determinada empresa, como forma de puni-la por achar que esta não respeita questões sócio-ambientais.
Este tipo de relacionamento entre mercado e meio ambiente exige capacitação técnica. Um novo campo de trabalho está surgindo: o gestor ambiental.
Segundo Jacques Demajorov, coordenador do bacharelado em Administração do SENAC de São Paulo, a gestão ambiental é área estratégica, e que seria um erro imaginar que apenas as grandes empresas devem se preocupar em ter um gestor ambiental na sua equipe. As micro, pequenas e médias empresas “também não podem prescindir desses profissionais, já que, estão entre os grandes causadores de impactos ambientais.” (ADMINISTRADOR PROFISSIONAL, 2007:6). As empresas de pequeno e médio porte não possuem políticas ambientais apropriadas, e muitas vezes descartam seus resíduos de forma inadequada, ficando sujeitas a multas previstas pela legislação ambiental, as onerando tanto financeira como mercadologicamente. A falta de pessoal preparado tecnicamente dificulta o desempenho ambiental de uma organização.
Acredita-se que seja necessário e urgente a introdução na grade curricular do curso de Administração da variável ambiental. Baseado nessa premissa, o Grupo de Pesquisa em Gestão Ambiental e Desenvolvimento de Empreendimentos Sociais - GamDes aplicou uma pesquisa junto a 20% dos alunos do curso noturno de Administração da Universidade Católica do Salvador - UCSal, buscando conhecer o nível de conhecimento e interesse do corpo discente quanto ao tema Gestão de Meio Ambiente.

METODOLOGIA DA PESQUISA

O estudo teve o objetivo de analisar o grau de conhecimento, interesse, e valorização dos temas ligados ao meio ambiente e à Gestão Ambiental junto a estudantes de Administração que estudam no turno da noite da Escola de Administração da UCSal.
O modelo adotado foi um estudo de caso, com pesquisa exploratória, e bibliográfica, envolvendo uma amostra de 112 estudantes (20% dos alunos do curso noturno) que freqüentam diferentes semestres (V. Figura 2.0).















Fonte: Pesquisa Direta. Elaboração dos autores.

Figura 2.0 – Gráfico dos Estudantes de Administração da UCSal – Semestres Cursados pela Amostra

O instrumento utilizado foi um questionário com nove questões, subdivididas em duas partes; a primeira composta por três questões (objetivas) relacionadas ao perfil pessoal dos entrevistados; e na segunda foram trabalhadas cinco questões (objetivas) e apenas uma (subjetiva), envolvendo sugestões relativas ao conhecimento e valoração dos temas ligados ao Meio Ambiente. O levantamento foi realizado no período entre 21 de maio a 25 de maio de 2007. Os alunos entrevistados foram escolhidos de forma randômica[7] nos corredores da Escola de Administração no Campus de Pituaçú por integrantes do Grupo de Pesquisa GamDes.
Foram considerados os seguintes indicadores: quantidade de estudantes que trabalham, conhecimento sobre o ISO 14.001, identificação com temas transversais à Administração, e valoração de temas ligados ao Meio Ambiente para a carreira do Administrador. Para mensurar os resultados, foi utilizado o Programa SPSS.


RESULTADOS DA PESQUISA

Dos 121 entrevistados que responderam ao questionário da pesquisa, 34,7% pertencia ao sexo feminino, e 64,5% ao masculino; 30,6% se encontrava na faixa etária entre 18 a 22 anos, 38,8% entre 23 a 26 anos, e 30,6% com mais de 27 anos. A maioria dos entrevistados (43,8%) estava no meio do curso, entre o 4º e 5º semestres.
Quanto questionados se o estudo aprofundado de temas ligados ao meio ambiente acrescentaria valor à sua atividade como Administrador, 95,9% respondeu que sim e 4,1% que não sabia (V. Tabela 1.0). Este resultado sinaliza a importância que a amostra pesquisada dá a conteúdos que ofereçam conceitos e ferramentas voltados para as questões ambientais.

Tabela 1.0 – Estudantes de Administração da UCSal – Grau de Valor dado à Temas Ambientais

Tipos
Freqüência
Percentual
Valoriza
116
95,9
Não valoriza
0
0
Não sabe
5
4,1
Total
112
100,0
Fonte: Pesquisa Direta. Elaboração dos autores.

Embora a relativa preocupação demonstrada pelas empresas, a sanção de novas leis ambientais, os acordos internacionais envolvendo a preservação ambiental, o que se observa é que esses problemas ainda são enormes, e longe de serem solucionados. A informação oferecida pela mídia sobre as organizações que procedem de maneira correta em relação ao meio ambiente desperta interesse sobre a opinião pública, criando valor para as suas marcas. O debate constante sobre as formas de minimização das conseqüências desastrosas junto à natureza pode estar gerando empenho em colaborar para reverter essa situação, principalmente junto aos mais jovens. Estas considerações podem justificar as respostas dadas pelos estudantes.
93,7% considera que um Administrador que detêm maiores conhecimentos da área ambiental possui diferencial competitivo (V. Tabela 2.0). Mesmo assim, quando questionados sobre o interesse em participar de estudos adicionais relacionados ao meio ambiente, somente 38,8% respondeu que sim. Alunos do curso noturno da UCSal geralmente trabalham (83,5% respondeu que trabalha), não tendo tempo suficiente para outras atividades, apesar de relevantes, que contribuam para aprofundar seus conhecimentos fora da grade curricular vigente.

Tabela 2.0 – Estudantes de Administração da UCSal – Grau de Diferenciação para a Carreira Quanto ao Conhecimento de Temas Ambientais

Tipos
Freqüência
Percentual
Diferencia o Administrador
105
93,7
Não diferencia o Administrador
6
5,4
Não sabe se diferencia
1
0,9
Total
112
100,0
Fonte: Pesquisa Direta. Elaboração dos autores.

Outra questão levantada foi o grau de entendimento quanto ao conceito ISO 14.001. 75% respondeu que conhece pouco sobre este conceito (V. Tabela 3.0). Conforme relatado anteriormente, a ISO 14.001 é um importante instrumento gerencial para o Administrador junto às empresas, e este conhecimento pode ajudá-lo a alcançar postos de trabalho de qualidade, que exijam competências e habilidades na área ambiental. A lacuna provocada pelo desconhecimento de atividade tão importante pelo Administrador pode funcionar como uma barreira à obtenção de postos de trabalho qualificados e bem remunerados.




Tabela 3.0 – Estudantes de Administração da UCSal – Entendimento do Conceito ISO 14.001

Tipos
Freqüência
Percentual
Conhece pouco sobre o conceito
84
75,0
Conhece o suficiente sobre o conceito
22
19,6
Conhece muito sobre o conceito
6
5,4
Total
112
100,0
Fonte: Pesquisa Direta. Elaboração dos autores.

Apesar de ser majoritariamente considerada importante pela amostra, o interesse sobre o componente ambiental no ensino da Administração varia a depender do semestre cursado (V. Figura 3.0).
Fonte: Pesquisa Direta. Elaboração dos autores

Figura 3.0 – Gráfico dos Estudantes de Administração da UCSal - Interesse X Semestre Cursado pela Amostra

Quando cruzados os dados “Interesse sobre o Tema” e “Semestre Cursado” percebe-se:

a) Nas respostas dos 1º, 2º e 3º semestres, a demonstração de interesse dos alunos é menor do que a disponibilidade de responder a questão. Percebe-se que as respostas “sim” aparecem com igual ou menor incidência que as “não respostas” dadas. Este resultado é compreensível, já que no começo do curso de graduação os alunos ainda estão se adaptando ao programa, e buscando conhecer melhor os conteúdos que estão sendo oferecidos;
b) Um ponto de destaque é a posição de interesse no tema demonstrado pelos alunos do 4º semestre, a prevalência é maior entre os que se interessam por questões ambientais, em relação às outras opções de respostas. Ou seja, aqueles que responderam afirmativamente superaram os que disseram não ter interesse, ou que se recusaram a responder a questão. A prevalência permite compreender o quanto é oportuno oferecer novas disciplinas na área ambiental, ou adicionar o componente ambiental em disciplinas pré-existentes, no meio do curso. Na amostra, nenhum aluno deste semestre demonstrou dúvida em relação ao seu interesse;
c) Nos 5º, 6º e 7º semestres, apesar dos alunos responderem que têm interesse sobre a área do meio-ambiente, um número significativo abdicou de responder a questão. Este resultado pode refletir uma maior adaptação ao plano tradicional de estudos acadêmicos, já que o término do curso está próximo, ou ainda à falta de tempo, a maioria trabalha.


CONCLUSÃO

A preservação do meio ambiente tornou-se uma preocupação crescente, sobretudo desde a segunda metade do século XX. As pressões ambientais estão sendo geradas a partir da constatação “da degradação dos recursos naturais e dos impactos provocados na saúde da população. Grandes acidentes ambientais contribuíram para o crescimento da demanda ambientalista e para a organização da sociedade nesta direção” (KIPERSTOK et AL, 2002:36). Um aspecto tão importante da sociedade moderna não deveria continuar a ser relevado ao segundo plano nos cursos de graduação em Administração.
Um estudo sobre a relação entre comércio internacional e meio ambiente de países latinos americanos, dentre eles o Brasil, coloca que as inserções desses países no mercado global têm se dado cada vez mais mediante o retorno do padrão primário-exportador (CAJAZEIRA e BARBIERI, 2005). Neste contexto a adesão constante das empresas brasileiras ao padrão ISO 14001 passa a requisitar a formação de profissionais aptos a responder tanto ao mercado, quanto às necessidades sociais.
O debate sobre a inserção do tema ambiental no currículo do programa de graduação em Administração mostra-se urgente. A pesquisa relativa a este trabalho buscou levantar o interesse do corpo discente em conhecer temas ambientais, e a amostra respondeu afirmativamente à este conhecimento. Superar a distância que separa o perfil do administrador clássico ao do gestor que saiba lidar com novos aspectos das atividades, produtos e serviços desenvolvidos pelas empresas, e ansiados pelo mercado, começa pelo entendimento, aprofundamento e difusão de conceitos administrativos ligados à sociedade e ao meio ambiente, e o envolvimento dos professores é imprescindível. Reconhece-se não ser tarefa fácil, qualificação de professores e mudança de práticas serão exigidas, merece estudo aprofundado e esforço de todos envolvidos.
A pesquisa junto aos discentes da Escola de Administração da UCSal apontou para a importância do tema ambiental e a sua inserção dentro do conteúdo curricular tradicional. O papel institucional da Universidade é inegável, e o seu potencial para influir significativamente na transformação da sociedade requer a amplitude do debate sobre questões e conteúdos relevantes para o desenvolvimento sustentável.


REFERÊNCIAS

ADMINISTRADOR PROFISSIONAL. Ele concilia negócios com desenvolvimento sustentável. Órgão Informativo dos Administradores Profissionais de São Paulo. São Paulo. ANO XXX. Nº. 250. Abril de 2007. Periodicidade Mensal.
CAJAZEIRA, J. ; BARBIERI, J. C. . A Revisão da ISO 14.001: As Demandas das Partes Interessadas e as Mudanças Introduzidas na Nova Versão. In: SIMPOI 2005, 2005, SÃO PAULO. Anais do VIII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações Internacionais - SIMPOI 2005 - FGV-EAESP, 2005.
CAMARGOS, Daniella. Quanto vale a gestão responsável. Guia Exame 2006- Boa Cidadania Corporativa. Abril: São Paulo. Negócios - indicadores. Dez. 2006. p 20-22.
CHANLAT, Jean-François, 1995. Modos de gestão, saúde e segurança no trabalho. In: "Recursos" Humanos e Subjetividade (E. Davel e J. Vasconcelos, orgs.), pp. 118-128. Petrópolis: Vozes.
CORREA, Guy. Reciclar para renovar. Guia Exame 2006- Boa Cidadania Corporativa. Abril: São Paulo. Destaque – meio ambiente. Dez. 2006. p. 77.
DIAS, Beatriz Marques. Produzir mais com menos. Guia Exame 2006- Boa Cidadania Corporativa. Abril: São Paulo. Destaque – meio ambiente. Dez. 2006. p. 76.
IERVESE, Carine A. Empresas ganham mais se reduzirem a poluição. A Tarde. Empregos e Negócios. Salvador. 20 de maio de 2007. p. 4.
KIPERSTOK, Asher et AL. Prevenção da Poluição. Brasília: SENAI/DN. 2002. 290 p.
MARCHI, Cristina M. D. F. Histórico Ambiental de Santo Amaro. In: Workshop Reciclando Idéias em Santo Amaro, 2005, Santo Amaro - Bahia. Anais do Workshop Reciclando Idéias em Santo Amaro , 2005.
[1] Professora, líder do Grupo de Pesquisa em Gestão Ambiental e Desenvolvimento de Empreendimentos Sociais da Escola de Administração de Empresas da Universidade Católica do Salvador, pesquisadora integrante do Grupo de Pesquisa Tecnologia, Qualidade e Competitividade da Escola de Administração da UFBa, técnica da Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia. Doutoranda em Geologia Ambiental e Recursos Hídricos no Instituto de Geociências da UFBa. E-mail: cmmarchi@gmail.com
[2] Aluno da Escola de Administração de Empresas da UCSal e participante do Grupo de Pesquisa GamDes E-mail: osmarsafs@yahoo.com.br
[3] Aluno da Escola de Administração de Empresas da UCSal e participante do Grupo de Pesquisa GamDes. E-mail: abelsan17@yahoo.com.br
[4]Aluno da Escola de Administração de Empresas da UCSal e participante do Grupo de Pesquisa GamDes E-mail: diogomiguez@hotmail.com
[5] Impacto ambiental neste trabalho deverá ser entendido como qualquer alteração no ambiente, seja benéfica ou não, resultante total ou parcialmente de atividades, processos, produtos ou serviços produzidos.
[6] Parte do Sistema de Gestão Total, que inclui o planejamento, avaliação, direção e controle das práticas, procedimentos, processos e recursos relativos ao desenvolvimento, implementação, e procedimentos das políticas ambientais.
[7] Randômica – ao acaso

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